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Currículo

Fisioterapeuta de formação. Entusiasta da evolução humana e dos mecanismos insconscientes de adaptação do organismo humano; Alguém que acredita que temos capacidades infinitas de auto-cura a partir do momento que nos permitimos deslocar do conforto do nosso ego.

sábado, 20 de agosto de 2016

AUTOCONSCIÊNCIA, será que é pra mim?

A necessidade da experimentação no caminho espiritual é algo que me chama a atenção.

Viemos de uma bagagem cartesiana onde as coisas acontecem por casualidade ou causalidade, e não por sincronicidade. Onde 1 + 1 é 2, 2 + 2 é 4...; e quando algo se apresenta de uma outra forma, a primeira reação é a rejeição. Outro dia atendi um paciente com dores nas costas, a tão comum lombalgia, a diferença, nesse caso, era que a dor "subia" um pouco mais. Antes de falar desse caso, vou explicar um pouco como relaciono o tratamento de fisioterapia com a AUTOCONSCIÊNCIA.

Procuro iniciar o tratamento de "meus" pacientes buscando memórias celulares no seu corpo (mais precisamente na epiderme, que é a camada mais superficial da pele), essas memórias ficam registradas a partir do momento que vivemos situações e não sabemos como lidar com as mesmas. No avanço dos estudos da posturologia, descobriu-se que essas memórias podem influenciar na biomecânica, comprometer o mecanismo de adaptação postural e, assim, gerando dores.

Esse paciente já apresentava dores há mais ou menos 6 meses, dores que comprometiam o seu dia-a-dia e suas atividades de lazer. Dores que incomodavam, alteravam seu humor e comprometia a qualidade de seu descanso. Medicações já faziam parte da rotina, exercícios e alongamentos passaram a ser frequentes, mas a danada da dor seguia ali, firme e forte como alguém que grita: olha pra mim meu querido, não adianta me "terceirizar", eu preciso que olhes de verdade.

Foi então que, a partir da insistência de um ex-paciente nosso, ele chegou até a clínica. Sem saber direito o que fazíamos, e acredito, que pelo perfil do paciente, segue com a pulga atrás da orelha sobre o que foi feito. No entanto, ele se permitiu vivenciar esse processo e é isso que importa, SE PERMITIR.

No início do tratamento expliquei pra ele que a memória que aparecia era um memória de traição, sensação de ter traído algo ou alguém. Explico para meus pacientes que pode estar atrelada a qualquer tipo de relacionamento. Relacionamento conjugal, familiar, de trabalho, amizade... E que a dor iniciou a partir do momento que ele teve uma percepção de que isso estava resolvido, porém, intimamente, ele ainda não sabia como lidar com o ocorrido.

Ele me olhou desconfiado, como quem pensa, esse "guri" deve tá maluco. Pedi para que levantasse da maca e provocasse a dor; para sua surpresa havia reduzido em 50% (seguindo a escala de EVA de percepção de dor). Bom, aí a desconfiança ficou maior; mas ao mesmo tempo uma barreira, antes intransponível, desabou instantaneamente, o olhar deu uma mudada e uma pergunta surgiu: Será que pode ser tal situação assim, assim e assim?

Nesse momento se iniciou um processo de tomada de CONSCIÊNCIA. Quando esse processo se inicia, já temos meio caminho andado; E a satisfação do terapeuta aqui só aumenta (rsrs).

Depois dei continuidade ao tratamento fisioterápico...

Faz pouco tempo que consegui compreender e agregar o processo CONSCIENCIAL ao tratamento que aplico. O que mudou muito a perspectiva de resultado, já que este se tornou muito mais rápido e, ao mesmo tempo, muito menos passivo. Quem melhora é o paciente a partir do momento que se permite perceber uma determinada situação de uma outra maneira. E o terapeuta funciona como auxiliar.

Muitas pessoas precisam viver o tratamento para se permitirem tomar consciência, ou seja, precisam sentir mudança da intensidade da dor, a partir das informações recebidas; sejam elas verbais ou táteis. Algumas vezes esse processo é dolorido, outras vezes são coisas guardadas e escondidas lá no "fundinho"; Muitas vezes são coisas que eu não quero olhar. Mas em todas elas, o processo de tomada de consciência é libertador. Algumas pessoas estão "prontas" para esse mudança instantaneamente, outras precisam viver um processo gradual. Existem pessoas que tem medo de "olhar de verdade";  não se permitindo descer do EGO. E todo processo deve ser respeitado.

Atendo pacientes que recebem as informações na primeira sessão e desaparecem por um tempo, até que um dia, "do nada" percebem que aquilo que foi dito faz sentido e retornam. Outras (a maioria) já se dão conta de cara e vivem o seu processo de cura em um tratamento de curto prazo.

Agradeço a Deus todo dia pois vivo e ajudo as pessoas a viverem experiências transformadoras e curativas. Ajudo-as a perceberem que o processo de reequilíbrio precisa ser interno, que a vitimização faz parte do EGO e a co-responsabilidade sobre tudo que vivem é o caminho para a libertação.

E como disse antes, muitas vezes NÃO É FÁCIL, mas SEMPRE É LIBERTADOR.

Gratidão,

Matheus Cassuriaga







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